quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

TERNURA


 Desvio dos teus ombros o lençol,

que é feito de ternura amarrotada,
...

de frescura que vem depois do Sol,

quando depois do Sol não vem mais nada...


Olho a roupa no chão: que tempestade!

Há restos de ternura pelo meio,

como vultos perdidos na cidade

em que uma tempestade sobreveio...


Começas a vestir, lentamente,

e é ternura também que vou vestindo,

para enfrentar lá fora aquela gente

que da nossa ternura anda sorrindo...


Mas ninguém sonha a pressa com que nós

a despimos assim que estamos sós!

(David Mourão- Ferreira)

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