segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

AGORA É


Agora é diferente
Tenho o teu nome o teu cheiro
A minha roupa de repente...

ficou com o teu cheiro

Agora estamos misturados
No meio de nós já não cabe o amor
Já não arranjamos
lugar para o amor

Já não arranjamos vagar
para o amor agora
isto vai devagar
isto agora demora

( Manuel António Pina)

ENCONTRO


Encontrei-a no cruzamento da rua do Segredo com a rua da
Esperança, e já na travessa da Cumplicidade, de mãos dadas e
trocando piropos, entramos na avenida do Prazer, que fomos...

percorrendo até ao largo do Encanto.

Foi lá que sem dificuldade descobrimos o parque da Felicidade
no qual decidimos passar o resto do dia, recostados num
banco de jardim, desfrutando a companhia um do outro e
fortalecendo os nossos laços de cumplicidade.

Depois, resolvemos prolongar esse dia, desafiando os limites
daquele parque, ignorando a inevitabilidade da passagem do
tempo, e continuando a reencontrar-nos mesmo sem que nos
tenhamos alguma vez perdido um do outro...

 (José Gabriel Duarte) - in As Cores do Desejo: Poemas improváveis
(Versbrava, Editora 2014)

Tudo o que me falta na realidade sobra-me em sonhos...

 (José Gabriel Duarte)- in As Cores do Desejo: poemas improváveis (Versbrava, Editora 2014)

Os meus braços servem para abraçar e não para me esconder atrás deles."

 (José Luís Nunes Martins)

Os muros de solidão que crescem em torno de nós, sempre que desistimos de ter fé, são como muralhas de castelo que nos impossibilitam de ser o que realmente somos, que impedem que o nosso amor chegue aos outros ... abortando-nos."

 (José Luís Nunes Martins)

TUDO


Tudo que sentimos,
tudo ...
Eterniza-se dentro de nós....



Por vezes,
nos toca como uma leve brisa.


Outras,
como um eterno silêncio.

 (Bruno de Paula)

Não me alimento de saudades mas gosto
de alguns dos sabores...

 (
Jose Gabriel Duarte) -in As Cores do Desejo: poemas improváveis (Versbrava Editora, 2014)

AUSÊNCIA


Estive ausente
Longos dias
E quando voltei
Encontrei-as tristes...

Saudosas e frias
Sem cores
Podiam ser pessoas
Podiam ser flores
Estavam feridas
De muito esquecidas
Mas eram poemas e versos
Eram palavras
Também dependem
De amores.

 (
Jose Gabriel Duarte )- in As Cores do Desejo: poemas improváveis (Versbrava Editora, 2014)

Quando me sinto só, chamo-me, quero estar
mais perto de mim.

[José Gabriel Duarte] -in As Cores do Desejo: poemas improváveis (Versbrava Editora, 2014)

A PALAVRA QUE DESNUDO


Entre a asa e o voo
nos trocámos
como a doçura e o fruto
nos unimos...

num mesmo corpo de cinza
nos consumimos
e por isso
quando te recordo
percorro a imperceptível
fronteira do meu corpo
e sangro
nos teus flancos doloridos
Tu és o encoberto lado
da palavra que desnudo

 (Mia Couto)

PERGUNTO-ME


Pergunto-me sobre o talento e o defeito
Sobre o amor e o ódio,
Sobre o sucesso e o fracasso,...

Sobre a conquista e a desilusão,
Sobre a vontade e o desejo.
Pergunto-me sobre a vida e a morte
Sobre o princípio e o fim
Pergunto-me sobre tudo o que me diz respeito
Sobre um dever ou um direito
Pergunto-me tanto
E no entanto
respondo-me tão pouco...

 (
Jose Gabriel Duarte)- As Cores do Desejo: poemas improváveis (Versbrava Editora, 2014)

Os ecos são vozes perdidas, refugiadas em silêncios...

 (José Gabriel Duarte)- in As Cores do Desejo: poemas improváveis (Versbrava Editora, 2014)