sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

METÁFORA DO AMOR

 
 Traz-me os passos de chuva
A atmosfera de deus na sua inebriante textura,
O mosaico da oração agrilhoado com redes de ternura,
Porosos anéis de sede entrelaçados à superfície,...

Com os segundos soltos na espessura dos arcos,
Esbanjando harmoniosos abraços cintilantes,
Em curvilíneas sombras de ansiedade.

Traz-me os dedos arrasados de sensibilidade,
A palma leve abrasando as formas configuradas de admiração,
O desejo indelével velando humildade,
O movimento singular nos rostos de sangue.

Traz-me a formosa triangulação dos sonos no teu olhar,
A incessante chama da vela nas pupilas,
A melodia surda do encanto impregnada de quietude,
O brilho entrelaçado das metáforas,
Com que se derrama uma palavra plena de plenitude.

Traz-me o elevo declinado dos amantes,
O sílex pré-histórico do espírito,
Nas suas formas de amor lúcido,
A exaltação inteligível a desprender-se de humanidade.

Traz-me todos labirintos encantadores de intimidade,
Os anéis dourados de perfume na fragrância da percepção.

Traz-me todos os dias a pulsação da borboleta
Que se derrama na transpiração das flores.

Joao Vale Lopes 27-12-2014

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