quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

POEMA OCTOGÉSIMO QUARTO


A manhã rompe-se com o canto dos pássaros e as flores
amarelas pedem justiça ao vento, que saiu de casa feliz,
para incendiar nos pensamentos a intimidade do dia.
Ganham entusiasmo as minhas mãos, os olhos diz...
em-me
que hoje a felicidade é possível, que é de vida que se
alimenta a fogueira do amor.
E eu caminho com a sabedoria das coisas que escolheram
apaixonar-se pelo mar, essas coisas simples que procuram
tornar ainda mais simples cada minuto, cada gesto,
cada beijo.
Amo as coisas simples porque a sua simplicidade é a de
carregar o mundo, grávidas que estão da sua nudez, sabendo
que a morte não é mais que uma palavra e o amor
são todas as palavras, as doces e temíveis palavras que
vestem a vida de brocados e de sedas tão macias, tão raras,
tão intensas como a simples e profunda memória do
cheiro e do sabor que só tem a pele de uma mulher.

JOAQUIM PESSOA, in GUARDAR O FOGO (a publicar)

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