AMOR
Leio o amor no livro da tua pele
... demoro-me em cada sílaba,
no sulco macio das vogais,
num breve obstáculo de consoantes,
em que os meus dedos penetram
até chegarem ao fundo dos sentidos.
Desfolho as páginas que o teu desejo me abre,
ouvindo o murmúrio de um roçar
de palavras que se juntam,
como corpos, no abraço de cada frase.
E chego ao fim
para voltar ao princípio,
decorando o que já sei.
E é sempre novo...
quando o leio na tua pele.
(Nuno Júdice)