sábado, 18 de janeiro de 2014

FUMO


Longe de ti são ermos os caminhos

Longe de ti não há luar nem rosas
...

Longe de ti há noites silenciosas

Há dias sem calor, beirais sem ninhos


Meus olhos são dois velhos pobrezinhos

Perdidos pelas noites invernosas

... Abertos sonham mãos cariciosas

Tuas mãos doces, plenas de carinho


Os dias são outonos: choram, choram

Há crisântemos roxos que descoram

Há murmúrios dolentes de segredos


Invoco o nosso sonho, entendo os braços

e é ele oh meu amor, pelos espaços

fumo leve que foge entre os meus dedos.

(Florbela Espanca)

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