terça-feira, 6 de agosto de 2013

SAI-ME DOS DEDOS


Sai-me dos dedos a carícia sem causa,
Sai-me dos dedos…
No vento, ao passar,
A carícia que vaga sem destino nem fim,
...
A carícia perdida, quem a recolherá?
Posso amar esta noite com piedade infinita,
Posso amar ao primeiro que conseguir chegar.
Ninguém chega.
Estão sós os floridos caminhos.
A carícia perdida, andará… andará…
Se nos olhos te beijarem esta noite, viajante,
Se estremece os ramos um doce suspirar,
Se te aperta os dedos uma mão pequena
Que te toma e te deixa, que te engana e se vai.
Se não vês essa mão, nem essa boca que beija,
Se é o ar quem tece a ilusão de beijar,
Ah, viajante, que tens como o céu os olhos,
No vento fundida, me reconhecerás?

(Alfonsina Storni) Tradução de Carlos Seabra

Sem comentários:

Enviar um comentário