sábado, 3 de agosto de 2013


Molhei os lábios no dulcíssimo néctar da Felicidade
Floriram-me nos lábios rosas vermelhas
Beijos como pétalas de fogo,
Chamas de aromas inebriantes e desconhecidos.
Aceitei o meu Destino e abri-Te o meu coração.
...
Logro amargo!
Destino de embuste!
Oceanos de enganos!
És o olhar do medo, a palavra cobarde, o espelho da mentira.
Trago-Te, hoje, tão presente no meu coração, como ontem.
Deste-me instantes atiçados no desejo do amar sem regresso
E fugiste sem partir.
Ressoam os gemidos do Teu arrependimento
Os passos que arrastas na desolação da perda de mim.
Não fui eu que Te dei o medo
Nasceste do verbo cansado e resignado às migalhas do existir.
Eu sou Vida que não se cansa e que não se gasta
Eu sou a que rasga os espartilhos do dever ser, para ser infinita.
Por medo de sofrer, não conheceste a essência do Viver.
Amaldiçoas agora a fraqueza dos passos que esbanjaste no egoísmo de Ti,
Mendigas o Amor que perdeste,
E pedes mais tempo ao tempo e o tempo faz troça de Ti.
Agonizas... e o meu coração dilacerado fecha-se como um punho.
Estendo-Te a mão, mas é tarde, é tarde demais.
Olho-Te,
Chamo-Te,
Tudo em vão.
Ela veio buscar-te apressada.
O Teu corpo inerte,
Os teus olhos fixos no Amor desertado
Já não podem humedecer com as lágrimas a aridez do Teu coração.

(Vera Peneda)

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