domingo, 16 de março de 2014

JÁ NÃO ME ESCREVES


Já não me escreves da mesma forma que fazias no tempo em que a nascente do teu olhar desaguava na foz do meu, as palavras pareciam dançar ao som da chuva e as horas eram eternas porque ficavam presas nos ponteiros do ...relógio. Talvez sejam presságios do Inverno que não tarda em nós… os sonhos vão ficando adormecidos à míngua de estrelas e as palavras são espalhadas devagar, muito devagar. Já não me ouves, os nossos sorrisos não são mais aquarelas e as paredes que foram cúmplices estão agora transparentes e ecoam por dentro de mim. A tua voz treme e compete com as letras que parecem querer fugir das linhas do caderno, como uma pedra virada só para o mar, como se existisse um poema incompleto de que queres que eu desconheça o final… já não me escreves… e eu deixei de te saber ler.

 (Francisco Valverde Arsénio)

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