terça-feira, 22 de janeiro de 2013

AS FLORES QUE NÃO ME DÁS



Faz sol no meu coração
Mas, fazem-me falta as flores,
Que a Primavera dos teus olhos
Já me anuncia.
Li a tua carta.
Reli...
Mas apenas o cheiro das rosas
Lá vinha...
Onde estão as flores que me prometeste?
Onde estão as pétalas que desfolhámos juntos
Quando éramos meninos?
No tempo em que as rosas, tal como as nossas vidas,
Ainda não tinham espinhos?
Se em ti ainda houvesse,
A solidão partilhada de outros dias...
Se a tua sede por mim, ainda fosse fonte
De água cristalina, onde os pássaros se saciam...
Se...
Tantos "ses", nas flores que me dás.
Volto a ler a tua carta,
À procura do que não me dizes.
Os olhos correm-me velozes e inquietos
Pelas palavras áridas,
Que caiem no meu ventre fértil.
Tão fértil de amor por ti...
Fecho a carta.
Selo-a com lágrimas.
e murcho,
tal como as flores que não me dás...

(Ana Fonseca da Luz)

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