sábado, 23 de novembro de 2013

DIA 51


 Invento hoje para ti este falso poema de amor egípcio:

A tua casa é o meu coração e o teu perfume enche de nostalgia as minhas noites. Pelos meus braços vens caminhando nua, com a doçura da gazela e a brevidade suicida das flores...
do hibisco.

O meu coração dá abrigo a um grande amor, como a palmeira protege as tâmaras dos ventos do deserto ou a romã se transforma em cofre para guardar os seus rubis.

Não há armadilhas montadas no percurso que te leva à minha cama, e nada será perturbado pelo júbilo de beijar todas as sílabas que a tua boca pronuncia.

És em mim. Estás em mim.

Há-de o meu coração ficar em ruínas e, assim mesmo, defenderá o teu corpo, a tua vontade, e o teu sorriso que tem a envergonhada cor da flor do lótus.

Há-de o meu coração calar-se, mas esse silêncio não impedirá a promessa de uma eterna noite de amor

(Joaquim Pessoa)

Sem comentários:

Enviar um comentário