segunda-feira, 1 de julho de 2013

(AR)TE



 É a tua língua que me come.

Teu beijo é tudo o que me consome

...


Como se fosse sólida a minha fome

Como se fosse líquido o meu nome.



É a tua boca húmida que me lambe e prova

E meus afrodisíacos urgentemente devoram

Como se desperdiçar-me fosse vil pecado

Como se fosse um erro ter se apaixonado.



É a tua alma que me engole e morde

Pedaços inteiros de paixão e arte

Recheando as noites, madrugada e sorte

Derramar-me em ti é escapar da morte.



É o teu ar que me respira.

Intoxicante e rarefeito.

Mutações de mim que o teu corpo sabe e toma

Meu tamanho exato é o teu encaixe perfeito.

Já não há mais limites. Já não há mais segredo.



Ao teu gosto eu me misturo.

Como tinta aflita em superfície nua

Como tela áspera onde o corpo atua



Toma! Farta-te! Minha obra final é tua!



[Van Luchiari] Foto de: Olga Boris

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