PORQUE ME APETECE#21
O maior dos problemas é o teu
abraço.
Havia, na noite (gatos vadios miavam no redor
... da porta, todas as luas estavam juntas a observar
o que era viver) em que nos amámos
pela primeira vez, as peles virgens à espera do momento
absoluto, e nenhum sol poderia saber-se
de luz se entrasse no meio dos nossos braços. Tínhamos
em nós as certezas mais perenes
de um Homem, o afago transparente de todos
os cansaços. Tu gemias e eu sabia que era tempo
de continuar.
“Se não morreres mato-me”, dizias-me, na véspera
do orgasmo que os dedos pressentiam e as pernas
tremiam. Quantas vezes se pode morrer
quando se ama assim?
“Se não houvesse o teu corpo acreditaria
em Deus”, explicava-te, enquanto a mão
se perdia por onde só o eterno sabe
acabar. Todos os corpos estão por desflorar antes
de um amor assim.
E se algo merece erguer-se é o sexo
que nos percebe.
“Se formos menos do que isto
somos nada”, a queda das palavras no centro
do que te amei, apertar-te a mão para garantir
o segundo, para que os relevos das veias
saibam que existo. “Acabaste comigo no momento
em que me fizeste começar assim”, e a partir dali
todos os suores foram despedidas, como
se soubéssemos que havia tudo
menos espaço (a cama fechada com as nossas lágrimas
dentro: quantos metros exige um amor?)
para quem se precisa tão grande.
A única culpa é da curva
dos teus lábios.
Às vezes é na rua que me deito
para te beijar; e há ali, na pedra
suja, a verdade de nenhuma gente
me chegar. Se o céu existir
é o da tua boca.
E vale a pena morrer só para
um beijo assim.
(Pedro Chagas Freitas)
abraço.
Havia, na noite (gatos vadios miavam no redor
... da porta, todas as luas estavam juntas a observar
o que era viver) em que nos amámos
pela primeira vez, as peles virgens à espera do momento
absoluto, e nenhum sol poderia saber-se
de luz se entrasse no meio dos nossos braços. Tínhamos
em nós as certezas mais perenes
de um Homem, o afago transparente de todos
os cansaços. Tu gemias e eu sabia que era tempo
de continuar.
“Se não morreres mato-me”, dizias-me, na véspera
do orgasmo que os dedos pressentiam e as pernas
tremiam. Quantas vezes se pode morrer
quando se ama assim?
“Se não houvesse o teu corpo acreditaria
em Deus”, explicava-te, enquanto a mão
se perdia por onde só o eterno sabe
acabar. Todos os corpos estão por desflorar antes
de um amor assim.
E se algo merece erguer-se é o sexo
que nos percebe.
“Se formos menos do que isto
somos nada”, a queda das palavras no centro
do que te amei, apertar-te a mão para garantir
o segundo, para que os relevos das veias
saibam que existo. “Acabaste comigo no momento
em que me fizeste começar assim”, e a partir dali
todos os suores foram despedidas, como
se soubéssemos que havia tudo
menos espaço (a cama fechada com as nossas lágrimas
dentro: quantos metros exige um amor?)
para quem se precisa tão grande.
A única culpa é da curva
dos teus lábios.
Às vezes é na rua que me deito
para te beijar; e há ali, na pedra
suja, a verdade de nenhuma gente
me chegar. Se o céu existir
é o da tua boca.
E vale a pena morrer só para
um beijo assim.
(Pedro Chagas Freitas)
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