quarta-feira, 5 de junho de 2013



No prelúdio da noite exilo-me de mim, deixo meu corpo opaco estatuado na praça da cidade. Leve e nua percorro as calçadas onde todas as pedras que não sinto em meus pés são a leveza transmutada dos goles de amor que beberico em cada muro grafitado de saudade.
Fico contemplando o fascínio silencioso da noite, é nela que me embrulho diariamente e me acalmo dos frios constantes que me estremecem a al...
ma.

É na tua janela que meu olhar se retém… sei que posso entrar pelo estore que nunca fechas, mas há um sinal em meu peito que me diz que esse não é o caminho.
Poderia invadir-te pela janela sem me veres… sentar-me a teu lado e velar teu sono preocupado, afagar tuas insónias ou mesmo trautear uma canção de embalar que não escutaste enquanto criança.
Poderia entrar e concertar os sonhos que deixaste partir. Desenhá-los a traço fino com a tinta da minha pena e preencher todos os espaços em branco com óleos perfumados de amor.
Poderia ser concreta e sonho… se tu e [eu] me permitisse[s]!!!

Estática fico olhando tua cidade do lado de fora de mim. Calcorreio a avenida exausta, com o peso da lágrima na alma e volto à praça onde me enterro na estátua outrora acalentada por ti.

[Sou-me pirilampo desvairado em busca de sua seara de trigo.]

(C.C.)

Sem comentários:

Enviar um comentário