sábado, 15 de dezembro de 2012

TE AMO



Não te amo como se fosses
rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que
propagam fogo:
T e amo como se amam
certas coisas obscuras, secretamente,
entre a sombra e a alma.
 
Te amo como a planta que não floresce
e leva dentro de si, oculta, a luz
daquelas flores e graças a teu amor vive
escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.
 
Te amo sem saber como,
nem quando, nem onde,
te amo directamente,
sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não
sei amar de outra maneira.
 
Senão assim deste modo em
que não  sou nem és,
tão perto que tua mão
sobre meu peito é minha,
tão perto que se fecham
seus olhos com meu sonho.
 
(Pablo Neruda)

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