quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

SÃO TUAS



Não espero nada de ti!
Nem que me ames perdidamente...
Conformo-me, neste meu existir,
vivo por te amar somente!
...

São tuas as flores todas que vejo,
o perfume da noite com chuva miúda!
O pensamento olhando a doçura dos beijos
de um casal dividindo o guarda-chuva!

São tuas as aves vadias,
a lua que dorme na amplidão...
A saudade que em mim permeia,
trazida na lembrança de qualquer canção!

São tuas, sempre tuas, as belezas que
a vida me traz...
A leveza do vento na calmaria,
em céu de toda alegria,
balançando um campo de trigais!

São tuas as crianças...
A enfeitarem de gritos toda rua!
São teus os velhos que ainda seguem
apaixonados, exemplos de amor além
sepultura...

São tuas as neves branquinhas,
que cobrem os telhados nas colinas...
As fendas no desgelo com regatos
a correrem com suas águas cristalinas!

São tuas as belezas que vejo,
do mar que leva os pescadores!
Dos penhascos que recebem os ninhos,
que abrigam o reino dos condores...

São tuas as mãos que acariciam
o ventre que leva o filho esperado!
As lágrimas incontidas daquela que abre
a porta e recebe o filho formado...

São teus os ritmos,
que inspiram as espumas dançantes...
O baile, suave e marítimo,
das ondas nas praias errantes!

Tudo de belo que vejo é teu!
Nada quero, por isto, em meu viver.
Amo-te apenas, embora tu tenhas te esquecido...
"Eu que me esqueci de te esquecer!"

(José Geraldo Martinez)

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