sexta-feira, 19 de outubro de 2012

XIII




A luz que de teus pés sobe a tua cabeleira,

a turgência que envolve a tua forma delicada,

...

não é de nácar marinho, nunca de prata fria:

é de pão, de pão amado pelo fogo.




A farinha acumulou seu celeiro contigo

e cresceu incrementada pela idade venturosa,

quando os cereais duplicaram teu peito

meu amor era carvão trabalhando na terra.




Oh, pão tua fronte, pão tuas pernas, pão tua boca,

pão que devoro e nasce com luz cada manhã,

bem-amada, bandeira das fornadas,




uma lição de sangue te concedeu o fogo,

da farinha aprendeste a ser sagrada,

e do pão o idioma e o aroma.

(Pablo Neruda)

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