sexta-feira, 26 de outubro de 2012



Cabocla, em teus olhos há estranhos desejos...
Mistérios da noite...
Clarões de luar ...
Tua boca é uma fruta madura,
Vermelha, madura de beijos,
De beijos maduros que quero apanhar.
Tua boca é uma fruta gostosa
Seca como bago branquinho,
branquinho e doce de ingá.
Teu riso, cabocla, é tão fresco, tão bom
que há nele um murmúrio de fontes
E o som das águas rolando na mata fechada
Teu riso, cabocla, parece a alvorada ...
parece na sombra o clarão do caminho.
Teu riso parece esse sulco branquinho
que se abre na pele macia
e corada de um doce de cajú.
E eu penso em teu corpo molhado, cheiroso ...
Meu Deus, se te apanho
teu corpo tão fresco, tão bom,
tão gostoso saindo do banho ...
teu corpo nú
Teu corpo dengoso, roliço, moreno
De carne tão rija, tão cheia de vida
É assim como a flor que tem mel e veneno
Por entre as ramagens da cor do urucum.
Cabocla, minha alma está doida, está louca
Daria minha alma ao diabo cabocla
nas noites de luar para ver-te
em meus braços, despir o teu corpo
assim como o sol entreabrindo um botão ...
Mordendo os teus lábios, sentindo-te nua
matando os teus beijos, brotando na boca
vivendo em teu corpo, plantando no chão.
Cabocla ! Cabocla !
Eu me mato, eu me acabo !
Mulher do Diabo !
Mulher tentação !!!

(J. G. de Araújo Jorge)



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