terça-feira, 11 de setembro de 2012

INTERROGAÇÕES SEM RESPOSTA







Que procuras tu
...
que passas sem me ver?
que sentes tu
quando em noites perdidas
te passeias nas avenidas
de uma qualquer rua?

que pedes tu à lua
que lá do alto te olha
e ao rio que passa
sem escolta
silencioso e manso
quase à tua porta?

Que queres tu da vida
se não te bastares
a ti mesmo
e insistires colher a esmo
os corações alheios

esses a quem chamas queijos
e a quem roubas beijos
e descarnas a alma

que procuras tu?
Calma?
serenidade?
se nem a ti mesmo dizes a verdade
se nem de ti mesmo consegues ser quem és
como queres que os outros se joguem a teus pés?

Se da lua lhe queres o cerne
do rio quererás certamente a margem
das almas que colhes o pão
dos olhos a quem roubas a vista
aquele clarão
que te faz ver para além do impossivel
tudo o que é gratidão
tudo o que é perecível
que tratas com tamanho desdém

no fundo..tudo o que queres
e na verdade não tens...

o calor de um coração
um corpo amado e amante
roçando o teu
a lua sumindo adiante
mas deixando-te banhado em luz
e aquele peito arfando
que tudo te dando
e nada te pedindo te seduz

como jamais foste seduzido
e é aí que reside o perigo...
...nessa chama que arde e não vês
nessa palavra que lês
nesse sentimento em combustão
a quem negas a tua mão

nessa interrogação
da qual sabes a resposta
mas teimas te confrontar com a verdade....
 
(São Reis)

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