segunda-feira, 27 de outubro de 2014


Não me diga a que vens 
Deixa-me adivinhar pelo pó nos teus cabelos
que vento te mandou. 

É longe a tua casa?...
Dou-te a minha: 

leio nos teus olhos o cansaço do dia que te venceu; e, no teu rosto, as sombras contam-me o resto da viagem.

Anda,

vem repousar os martírios da estrada
nas curvas do meu corpo — é um
destino sem dor e sem memória. Tens

sede? Sobra da tarde apenas uma
fatia de laranja — morde-a na minha
boca sem pedires. Não, não me digas
quem és nem ao que vens. 

Decido eu.

(Maria do Rosário Pedreira)

Sem comentários:

Enviar um comentário