domingo, 20 de outubro de 2013

QUANDO VOLTARES, PÕE NA TUA VOZ


 Quando voltares, põe na tua voz

aquela flor azul que te ofereci....


Talvez, assim, eu julgue reencontrar-te

e os olhos se encham, outra vez.


Ainda tens no gesto aquele susto

que se enrolava todo nos meus dedos

e punha à nossa volta

um colar de silêncio ardendo.


Tudo mudou, bem sei. Naquela tília

o outono já começou;

e nas tuas palavras

algumas folhas devem ter caído.


Mas, se voltares, põe a flor azul,

põe o passado no gesto e na voz.

Talvez assim eu julgue reencontrar-te

e os olhos se encham. É tão fácil!

(António Cabral)

Sem comentários:

Enviar um comentário