sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A RECUSA DAS IMAGENS EVIDENTES


Há noites que são feitas dos meus braços
E um silencio comum às violetas.
E há sete luas que são sete traços
De sete noites que nunca foram feitas....


Há noites que levam à cintura
Como um cinto de grandes borboletas.
E um risco a sangue na nossa carne escura
Duma espada à bainha dum cometa.

Há noites que nos deixam para trás
Enrolados no nosso desencanto
E cisnes brancos que só são iguais
À mais longínqua onda do seu canto.

Há noites que nos levam para onde
O fantasma de nós fica mais perto;
E é sempre a nossa voz que nos responde
E só o nosso nome estava certo.

Há noites que são lírios e são feras
E a nossa exactidão de rosa vil
Reconcilia no frio das esperas
Os astros que se olham de perfil.

(Natália Correia)

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