quinta-feira, 9 de junho de 2016

NÃO VÁS AINDA...

Fala-me agora da dormência do corpo envolto em silabas, da seiva que escorre por entre a casca rugosa dos pinheiros e das bocas que morrem de sede das coxas alvas. Fala-me agora… e que o verso fique invisível e a porta se mantenha aberta para lá da silhueta da lua, como se o sol teimasse em ficar na rua onde moras. Vem e demora-te nos pomares e nos ramos maduros dos meus braços, vem colmatar o atraso que medeia a cabeceira e os pés do leito desalinhado e aquece os dedos na fogueira que rouba a luz das estrelas; fala-me agora e fica, não vás ainda, prometo dar-te o lado leste da cama, o lado de onde se ouvem as nuvens e amanhece os entardeceres, não vás ainda… abraça-me mais uma vez e adormece os ais soltos nos filamentos prateados do meu cabelo.
Não vás ainda… não vás ainda.

(francisco valverde arsénio) in- IN-VERSO PRESENTE
13 de Maio de 2014
 

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