quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

COMPLETO


Não, ela não me completa. Me transborda. Como
maré ao fim do dia, eu invado a praia, subo, me
encho, faço barulho quando ela vem. Eu sempre fui...
completo, sempre me fiz feliz, mas ela… ela me
inunda. Faz meu peito parecer pequeno para tanta 
alegria. Faz com que o antigo eu pareça muito
menor perto do que é hoje. Se antes eu já era 
completo, agora me sobra amor para dar e vender. 
Porque o ser humano é um todo, feito
milimetricamente do tamanho que tem que ser e a
metade da laranja, na verdade, não é metade. É o
açúcar que vai no suco, é o tempero que dá um
gosto a mais. Depois de encontrada, não nos faz
um único ser feito de dois corpos, mas nos faz
seres melhores. Que se complementam, que
adicionam um sentimento a mais, um gosto, um
cheiro que antes não havia. O que antes era
insonso, torna-se néctar. Foi isso o que aconteceu
quando ela chegou: o meu copo cheio foi tomado
de tempestade e transbordou.

(Desconheço o autor)

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