Queria traduzir os silêncios
que te brotam entre os dedos,
enganar os compassos mortos,
soltar as vontades presas
e costuradas no parapeito do teu coração.
Queria beijar essa boca
que só em prova se sente,
chover no molhado do teu cheiro
e acender o fogo que sopra o amor
na ternura dos lencóis de cetim.
Queria fazer outro caminho
contigo, e no teu corpo,
e colher frutos de êxtase
num pomar de carinho.
Queria amanhecer contigo
e nas brechas do desalinho do tempo,
dissolver o sono que me roubas,
porque... é tanta a noite
que me sobra nos braços!
Poema do livro: da Geometria do Amor
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