A casa é viva
(A mulher dorme)
Dorme na espuma
nas cores puras
Dorme na espuma do silêncio
(A mulher dorme)
Dorme na espuma
nas cores puras
Dorme na espuma do silêncio
Planos brancos
e cores lisas
e cores lisas
Dorme no vidro
tranquilo
tranquilo
Dorme viva
A casa é branca
É mais branca no silêncio
É mais branca entre as árvores
É mais branca no silêncio
É mais branca entre as árvores
A própria cidade é branca
A cabra
cheirou a casa
cheirou o branco
cheirou a casa
cheirou o branco
O puro nó
do silêncio
do silêncio
Chego em silêncio
à mulher viva
dormindo
à mulher viva
dormindo
A casa é ela
em espiral
rodando
branca
em espiral
rodando
branca
É fino o ar
quase sem pó
uma árvore dá
uma curta sombra
quase sem pó
uma árvore dá
uma curta sombra
Uma brisa lava
a casa fresca
a casa fresca
A varanda nua
é seca e branca
com sede de mar
é seca e branca
com sede de mar
A caranda é nua
a mulher é nua
a mulher é nua
Da casa branca
vê-se o mar
o fulvo dorso
da praia
nu
mulher de areia
deitada e panda
na frescura azul
vê-se o mar
o fulvo dorso
da praia
nu
mulher de areia
deitada e panda
na frescura azul
Uma vela branca
de minúcia fresca
de minúcia fresca
dá ao olhar a brisa
dá ao silêncio o mar
A mulher dorme
viva
na espuma
do silêncio
viva
na espuma
do silêncio
António Ramos Rosa - in VOZ INICIAL (1960), in ANTOLOGIA POÉTICA ,
Selecção, Prefácio e Bibliografia de ANA PAULA COUTINHO MENDES (Pub. Dom Quixote, 2001)
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