domingo, 25 de fevereiro de 2018

INCONTÁVEIS SÃO OS EUS QUE NOS HABITAM


Incontáveis são os eus que nos habitam.

Diferentes os meus dos teus,

mesmo não os podendo comparar,

porque, tal como tu, por dentro não me vejo.

Vejo-te quando te imagino ou sinto,

mas desconheço qual de mim te vê.

Não sei qual de ti me imagina e sente,

nem sei qual de mim tu vês.

Se eu chamar de alma

àquilo que em nós imagina e sente,

as almas que temos são muitas.

Tantas almas quantos os eus,

que lutam entre si continuamente

para monopolizarem o imaginar e o sentir.

Porém, quando nos tocarmos, vamos contar

quantas das nossas almas se beijam

e, só então, saberemos se é com amor

que os nossos eus se entrelaçam.


(Jaime Portela)

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