domingo, 31 de janeiro de 2016

SEM LICENÇA



Eu te tomo nos braços, sou tão ansiosa, tão perdida na própria paixão.
Tu brincas comigo, dizes que não tomo jeito, mas tu estás povoado de orgulho do mesmo modo como te povoo de lendas. Eu te enfeito com histórias que ninguém, senão eu, li em ti.
Tu sabes o poema que farei amanhã, a palavra que perderei no futuro se me escapas agora....
Não te autorizo a deixar-me. Ouviste o que eu disse?
Não te dou licença de passear pela terra, de ter um futuro em que eu não esteja inteira.


(Nélida Piñon)

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