sexta-feira, 12 de junho de 2015

SOBRE O REGAÇO


Sobre o regaço tinha

o livro bem aberto;...

tocavam em meu rosto

seus caracóis negros.

Não víamos as letras

nem um nem outro, creio;

mas guardávamos ambos

fundo silêncio.

Por quanto tempo? Nem então

pude sabê-lo.

Sei só que não se ouvia mais que o alento,

que apressado escapava

dos lábios secos.

Só sei que nos voltámos

os dois ao mesmo tempo,

os olhos encontraram-se

e ressoou um beijo.

(Gustavo Adolfo Bécquer)



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