terça-feira, 17 de junho de 2014

 
Não és peça de olaria, nem escultura de mármore, nem estátua de sal. Mas a frieza que flui dos teus actos tem a textura dos materiais com que os dotados pela arte moldam silhuetas estáticas e supostamente eternas. Desconheces o calor da entrega, o sopro da ternura, o abandono que estremece a vida. És corpo de gestos repetitivos, mecânicos, és espírito ausente em universo obscuro. Deixa-me ensinar-...te o prazer do toque, do deslizar dos dedos na pele nua, do nascer do desejo no caminho exploratório da fantasia. Deixa-me transformar-te de mero utilizador em exímio amador dos sentidos. E eu deixarei então, só então, que derrubes os muros que me defendem e que determinam o cerco que te imponho... quando te permitires perceber que entre o estar e o ser há um abismo em que reside o sentir.

© Rita Pais 2014
(ao abrigo do código do direito de autor)

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