terça-feira, 17 de junho de 2014

 
era um rosto que a escuridão podia matar
num instante.
um rosto facilmente ofendido
tanto pelo riso como pela luz

"pensamos de forma diferente à noite"...

disse-me ela uma vez
recostando-se languidamente.

e era capaz de citar Cocteau

"sinto que há em mim um anjo" diria
"que constantemente escandalizo".

depois sorria e desviava o olhar
acendia-me um cigarro
suspirava e erguia-se

e alongava
a sua delicada anatomia.

deixava cair uma meia.

 (Lawrence Ferlinghetti)

(tradução de Vasco Gato)

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