sexta-feira, 12 de agosto de 2016

TERNURA

Desvio dos teus ombros o lençol, 
que é feito de ternura amarrotada, 
da frescura que vem depois do sol, 
quando depois do sol não vem mais nada...
Olho a roupa no chão: que tempestade! 
Há restos de ternura pelo meio, 
como vultos perdidos na cidade 
onde uma tempestade sobreveio...
Começas a vestir-te, lentamente, 
e é ternura também que vou vestindo, 
para enfrentar lá fora aquela gente 
que da nossa ternura anda sorrindo...
Mas ninguém sonha a pressa com que nós 
a despimos assim que estamos sós!

(David Mourão-Ferreira)- in "Infinito Pessoal
Arte de: Andrius Kovelinas

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