quinta-feira, 9 de agosto de 2012

LIBERTANGO





Olhamo-nos na nudez dos corpos,
...
cobertos apenas
pelo desejo que nos une.
Os lençóis esperam-nos,
lançando-nos um convite
que aceitamos, cúmplices.
Deitamo-nos lado a lado
e inclinas-te sobre o meu rosto,
na carícia de um sorriso.
Abandono-me à fantasia dos teus dedos
enquanto nos meus
o teu corpo, vibrante,
pulsa em cadências irregulares
que o toque dos meus lábios
torna mais rápidas.
Reconhecemo-nos
milímetro a milímetro.
As línguas percorrem a pele
como chamas ondulantes, ardentes,
e guiamo-nos mutuamente
até à lisura dos ventres.
Arqueio o dorso
para te receber inteiro.
Entregas-te com a suavidade
que reconheço nos teus olhos.
Sussurro o teu nome,
sussurras o meu nome,
e mergulhamos em uníssono
num oceano que nos agita
todos os sentidos.
A tua seiva quente inunda-me.
Trocamos ainda um beijo
em que o desejo se vai despedindo,
e repousamos a respiração
entrecortada, exausta,
no líquido silêncio
que nos abraça.
 
(Rita Pais)

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