segunda-feira, 4 de novembro de 2013


És tu, sempre tu, escuridão e claridade
Aquele que nada diz e vive em mim
Estando perto, ao de longe, distante és saudade

Ah amor, inspiração pura, infinita dos meus versos
Sonho-te no céu, num abraço és meu...

O sorriso renasce na fonte dos teus lábios

O poema é vida, estrelas de sentimentos
Por amar-te a vida inteira
São lágrimas, suspiros, palavras e tormentos

Doce pecado do meu querer
Escrevo-te para te ver
A alma do meu corpo, é som para te reconhecer

Amor louco amor, a tua boca, o beijo grita-me ainda, és minha
Porque anoiteço sozinha?


( Paula Oz)
Arte de: Zinaide Serebriakova 1884 - 1967
 

SILÊNCIO


Amei-te
Abrindo-me mais que o linho entre as pernas
Mais que a alma rasgada
Entre todos os poemas…...


Sentia-te carne de mim
Essência de jasmim
Na erecção da tua ânsia
Brindando êxtase de chocolate
Na íris de Afrodite
Percorrendo enseadas de nós.

Amei-te tanto
Que julguei esquecer-me!

Reinvento-me
Na força com que me despes
Silêncio
Devora de vez esse teu desejo!
Abro para ti minhas pernas!

[Célia Moura] in NO HÁLITO DE AFRODITE (a publicar)

Arte de - Oscar Duran Pedrosa

O ÚLTIMO AMOR


 Era o último amor. A casa fria,
os pés molhados no escuro chão.
Era o último amor e não sabia
esconder o rosto em tanta solidão....


Era o último amor. Quem adivinha
o sabor breve pela escuridão?
Quem oferece frutos nessa neve?
Quem rasga com ternura o que foi verão?

Era o último amor, o mais perfeito
fulgor do que viveu sem as palavras.
Era o último amor, perfil desfeito
entre lumes e vozes e passadas.

Era o último amor e não sabia
que os pés à terra nua oferecia.

(Luís Filipe Castro Mendes)
in OS AMANTES OBSCUROS, incluído em POESIA REUNIDA, (Quetzal, 1999

Pintura de: Alena Plihal

PRIMEIRA PALAVRA


Aproxima o teu coração

e inclina o teu sangue...


para que eu recolha

os teus inacessíveis frutos

para que prove da tua água

e repouse na tua fronte

Debruça o teu rosto

sobre a terra sem vestígio

prepara o teu ventre

para a anunciada visita

até que nos lábios humedeça

a primeira palavra do teu corpo


 (Mia Couto) in RAIZ DE ORVALHO E OUTROS POEMAS (Caminho, 2009)
Arte de: Alena Plihal

DEITA-TE AQUI - ESTA NOITE, DENTRO DE MIM


Deita-te aqui – esta noite, dentro de mim,
está tanto frio. Se fores capaz, cobre-me de
beijos: talvez assim eu possa esquecer para...

sempre quem me matou de amor, ou morrer
de uma vez sem me lembrar. Isso, abraça-me

também: onde os teus dedos tocarem há uma
ferida que o tempo não consegue transportar.
Mas fecho os olhos, se tu não te importares, e
finjo que essa dor é uma mentira. Claro, o que

quiseres está bem – tudo, ou qualquer coisa,
ou mesmo nada serve, desde que o frio fique
no laço das tuas mãos e não regresse ao corpo
que te deixo agora sepultar. Não sentes frio, tu,

dentro de mim? Nunca nevou de madrugada no
teu quarto? Que país é o teu? Que idade tens?
Não, prefiro não saber como te chamas.

(Maria do Rosário Pedreira)

E ASSIM TE QUERO


  Quero-te... sim acredita!

De corpo e alma
...

Ler-te
Do princípio
Ao fim
Todas as páginas
De cima para baixo
Assim e assim
Quero...
Delicias
Sensualmente
Carícias
Docemente
Quero-te...
Aos poucos
Gole por gole
Sem pressas
Porque o amanhã
São asas abertas

Eu quero, nunca estar satisfeita

Ter fome de ti, desejar-te
E sempre, sempre sentir-te

Lembrar-me de ti
Tocar-te
Inventar-me
Reinventar-te

Sim, quero-te, eternamente

(Paula OZ)
Arte de: Theodore Jean Louis Gericault
 
Decifra em mim, a luz dos meus olhos, abre as janelas...
Escuta o poema dos meus dedos, choram sem segredo
No mapa da minha mão, guardo sonhos, memórias e tantas histórias

De ti,
Só desejo o eco da tua voz, soluço doce, eterno, a bris...
a dos teus lábios
O amor que nunca ouvi...quando nos sentíamos sós
(aquele sopro no meu ouvido, suave que nem beijos)

Eis o corpo do silêncio

(Paula Oz)